segunda-feira, 9 de maio de 2016

"As fadas"


A tradução é de Maria Alberta Menéres.
O título do texto que lemos na aula é " As Fadas".
O tÍtulo da obra completa é" Contos de Perrault".
A autoria original dos contos é de Charles Perrault.
A ilustração é de Rui Truta.
Este texto narrativo é um conto e uma história tradicional.


As Fadas Havia uma viúva que tinha duas filhas; a mais velha era tão parecida com a Mãe no caráter e no rosto que olhar para ela era o mesmo que olhar para a mãe. Eram as duas muito antipáticas e tão orgulhosas que não se podia viver com elas. A mais nova, que era o perfeito retrato do Pai, pela doçura e delicadeza, era por isso mesmo uma das mais belas raparigas que existiam.
 Como de uma maneira geral se gosta mais de quem se parece connosco, a Mãe adorava a filha mais velha e tinha um espantoso ódio à mais nova.
A esta, fazia-a comer na cozinha e trabalhar sem descanso. Entre outras coisas, obrigava a pobre criança a ir duas vezes por dia buscar água a meia légua de distância da casa onde moravam, carregando com uma enorme bilha cheia de água.
Um dia, quando ela estava na fonte, aproximou-se uma mulher pobremente vestida que lhe suplicou que lhe desse de beber.
– Pois não, boa mulher – disse a linda menina.
 E, passando rapidamente por água a sua bilha, foi tirar água do canto mais bonito da fonte e ofereceu-lha, amparando sempre a bilha para que ela pudesse beber com mais facilidade. A boa mulher, tendo acabado de beber disse-lhe:
– Tu és tão bela, tão boa e tão delicada que não posso deixar de te conceder um dom. (Era realmente uma Fada que tinha tomado a forma de uma pobre mulher de aldeia só para ver até que ponto aquela menina era bondosa.)
– Eu te concedo o dom – prosseguiu a Fada – de, por cada palavra que disseres, te brotar da boca uma Flor ou uma Pedra preciosa. Quando a bela rapariga chegou a casa, a Mãe ralhou-lhe por se ter demorado na fonte.
– Peço perdão, minha Mãe – disse – por ter demorado tanto.
E, ao pronunciar estas palavras, brotaram da sua boca duas Rosas, duas Pérolas e dois enormes Diamantes.
 – O que vejo eu? – disse a Mãe, espantada.
 – Parece-me que vejo sair da tua boca Pérolas e Diamantes; como aconteceu isto, minha filha? (Era a primeira vez que a tratava por “minha filha”.)
A pobre criança contou-lhe ingenuamente o que lhe tinha acontecido, sem cessar de lançar pela boca fora uma infinidade de Diamantes.
 – Na verdade – disse a Mãe –, tenho de mandar lá a minha outra filha. Olha, Fanchon, repara no que sai da boca da tua irmã quando ela fala; não gostavas de receber também o mesmo dom? Não tens mais do que ir à fonte buscar água e, quando uma mulher pobremente vestida te pedir de beber, dar-lhe água muito delicadamente...


 MENÉRES, Maria Alberta (tradução e adaptação); PERRAULT, Charles — "As Fadas" in Contos de Perraul

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